Cuidados e reações alérgicas
- Isadora Carniel
- 27 de mai. de 2017
- 4 min de leitura
Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostram que 80% dos tatuadores não se preocupam em saber o histórico da pele dos clientes antes de fazer uma tatuagem, é por isso que os cuidados devem ser redobrados por quem irá colocar a arte no corpo.
Assim, algumas dicas são importantes para que a pele aceite bem a tinta. A Vanessa Medeiros, dermatologista, explica que a primeira preocupação deve ser com o estúdio em que a tatuagem será feita (que deve sempre ser certificado pela Anvisa, assim como a tinta utilizada) e também com o local do corpo escolhido para receber o desenho. "Não é recomendável que a tatuagem seja feita sobre pintas, pois isso pode dificultar a avaliação médica de eventuais mudanças da lesão, mascarando sinais de um possível câncer de pele, também evitar locais de cicatrizes recentes (menos de 1 ano), locais de pele onde tenha descamação, infecção ou coceiras. A pele tem que ser saudável e hidratada", explica a médica.

Outro cuidado importante que todas as pessoas devem ter são com as queloides, uma cicatriz protuberante causada pelo acúmulo de colágeno na pele durante a cicatrização. Pessoas que já possuem, ou nelas próprias, ou em seu histórico familiar, propensão a este tipo de cicatriz, devem sempre ficar atentas, já que é possível que a tatuagem também cicatrize desta forma. "Se você já tem algum queloide pode indicar que você tem propensão, se você nunca teve nenhum corte procure investigar se seus familiares diretos têm propensão, se tiverem você terá mais riscos. Também algumas regiões do corpo são mais propensas aos queloides, como o colo, e as costas", conta Vanessa Medeiros.
As tatuagens devem ser feitas sempre em peles muito bem hidratadas, e livres de alergias como dermatites atópicas ou outras doenças imunológicas. Já que o procedimento consiste no microagulhamento da pele para inserção dos pigmentos coloridos na derme, a penúltima camada da pele antes do músculo, o que gera um processo inflamatório cutâneo caracterizado pela vermelhidão e inchaço no local, que atingem um pico em 48-72h, havendo recuperação completa da pele em 7 a 14 dias, variando de pessoa para pessoa e de acordo com o local tatuado. Assim, durante este processo de cicatrização, a médica dermatologista recomenda não coçar o local tatuado, pois o contato com a mão e unhas, geralmente contaminadas, pode favorecer a entrada de bactérias no organismo. Além disso, a ação mecânica do ato de coçar pode arrancar as casquinhas que se formam e tem importante ação no processo da cicatrização. Além disso, a adequada higienização do local, que deve ser feita 2 x por dia, com sabonete neutro ou antisséptico, garante que o desenho continue com seu formato e cor desejados, assim como o filme plástico, que deve ser colocado nos primeiros três dias., e trocado 3x por dia para higienização do local.
A temperatura do banho também é uma questão muito importante, e se for possível, o melhor é nem molhar a tatuagem, para evitar a descamação da pele. Nos dias seguintes, podem ser utilizadas pomadas cicatrizantes, e as antibióticas devem ser evitadas.
Por fim, os cuidados devem ser redobrados no verão e em dias de sol, a médica dermatologista explica que o sol pode alterar as cores por causa oxidação dos pigmentos. "A exposição à radiação solar faz com que a tatuagem perca a cor e o brilho. O sol causa reabsorção e oxidação dos pigmentos, o que deixa a tatuagem com aspecto desbotado e envelhecido. Além disso, todo pigmento é fotossensível, então, quanto mais o local da tatuagem ficar exposto à luz solar, mais risco de ela não se preservar", sendo necessária a utilização de protetores solares com espectro UVA/UVB e com propriedades mineirais, sendo aplicada uma camada bem grossa, que deve ser reaplicada a cada duas horas.
A Fernanda Caminha, mesmo com todos os cuidados, acabou tendo uma reação alérgica quando fez a segunda tatuagem. Ela conta que teve todos os cuidados em escolher o desenho, o tatuador, o estúdio, tudo com boas referências. Ao final da tatuagem, o próprio tatuador indicou uma pomada cicatrizante para que ela passasse no local. Mas, segundo ela, a reação começou a aparecer dois dias depois. "O problema começou foi no domingo após às 16h, quando fui lavar. A tatuagem estava com umas manchinhas vermelhas ao lado. Somente a tatuagem do antebraço. A cicatrização na tatuagem do dedo ocorreu muito rápido", explica.
Ela procurou uma médica especialista em dermatologia, que diagnosticou como um processo infeccioso. "Haviam bactérias na tatuagem, pode ter sito a tinta suja, o material utilizado, algo que fez que a bactéria permanecesse na minha pele. No meu caso o material todo utilizado foi estéril, pois ele abriu na minha frente. Mas e os demais? Na próxima ficarei mais ligada. Pois alergia a tinta não foi, pois no dedo não ocorreu nada, já está até com casquinhas", conta a Fernanda.
Assim, os cuidados antes e depois da tatuagem são importantíssimos para que a tatuagem se mantenha como foi escolhida e para que a pessoa não fique exposta a nenhum tipo de bactérias infecciosas.
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