Símbolos de uma história
- Carolina Cunha
- 31 de mai. de 2017
- 2 min de leitura
No Brasil, há morte por homofobia a cada 25 horas, além das agressões diárias que as pessoas sofrem por conta da sua orientação sexual. E a cada uma hora e meia, uma mulher é agredida no Brasil por crime passional. Vendo isto, a tatuadora Karina Montenegro, 24 anos, se inspirou na ideia de uma tatuadora do Sul, e trouxe para o seu estúdio na grande São Paulo, a seguinte ideia recheada de compaixão: cobrir as cicatrizes das vítimas com tatuagem, sem nenhum custo.
Karina conta que de início ela cobria cicatrizes de mulheres vítimas de violência, mas logo percebeu que a homofobia era grave e tinha menos visibilidade, com isso, o projeto expandiu. Além disso, a tatuadora conta que a vida sempre foi muito justa com ela, e então, ela contribui dessa forma. Karina atende cerca de uma vítima por mês, uma vez que o projeto é novo em seu estúdio. Mas para isso, a tatuadora pede para que as vítimas façam o B.O e assim, ganham a tatuagem:
“Peço que façam o B.O, e dou a tattoo como uma de presente para nova fase da vida, como quem coloca uma pedra e segue em frente. Então o projeto serve também, para incentivar o B.O, o registro dessa violência é um novo recomeço. "

Tatuagem sobre a cicatriz de uma vítima de homofobia
Loreta Santana, 22 anos, relata que foi vítima de crime passional em 2016 e que além da cicatriz física também há a psicológica. A cicatriz é localizada nas costas e por conta disso, ela se sente incomodada quando as pessoas perguntam o que aconteceu. E conta:
“Já passou pela minha cabeça diversas vezes a vontade de tatuar algo por cima dela, mas ainda não consegui achar algo que me ajudasse a cobrir além do que se vê. Mas o motivo maior de querer cobri-la é só para evitar o assunto, a lembrança ruim que ficou. ”
Portanto, a cicatriz sempre será um marco na vida da pessoa que sofreu violência. E Loreta conclui:
“Tenho para mim que essa cicatriz marca tanto a minha vida quanto a minha cesariana, as duas tem grande significado. E mais do que ter essa cicatriz, com ela eu aprendi muito, e principalmente a perdoar. ”

Cicatriz de Loreta
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